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  • Foto do escritorRedação Cabral Associados

Legal Design na Paraíba: mais acessibilidade na linguagem jurídica

Solução inovadora busca facilitar a linguagem jurídica ao público por meio da interface Direito, Design e Tecnologia.


Por: Istephany Costa




Diante das implicações de um mundo marcado por constante transformação, a Tecnologia, o Design e o Direito têm firmado uma parceria de sucesso, que surge como uma das grandes revoluções do mercado e que nos apresenta um possível cenário sobre o futuro do fazer jurídico. Afinal, nunca foi tão urgente pensar em novos processos e metodologias de trabalho, que dialoguem, de forma eficaz, com a entrega de valor na prestação de serviços e que objetive, sobretudo, reduzir possíveis dificuldades na compreensão de peças jurídicas. É neste lugar marcado pela empatia e soluções criativas, que surge o Legal Design para propor um novo olhar, com o intuito de avançar em mudanças, desenvolver e melhorar a experiência do usuário e as relações clientes-advogados.


Na Cabral Associados, escritório que atua em João Pessoa (PB), e que já executa ações de Design Thinking no desenvolvimento de projetos e processos de gestão, o Legal Design chegou para ficar, e trouxe, em pouco tempo, resultados muito positivos endossados pelo feedback dos clientes que aprovaram a confecção e clareza de informações disponíveis em contratos, documentos e outras peças jurídicas. Com uma equipe treinada e capacitada em LD, o encantamento foi geral, e não demorou a nascer um setor dedicado exclusivamente a essa área. Em 2019, sob coordenação da designer, publicitária e bacharel em Direito, Mayara Cunha, foi criado o Núcleo de Legal Design, com treinamentos e workshops sobre a técnica.


Convidamos Mayara para um bate-papo sobre o LD, que você pode acompanhar integralmente nas linhas a seguir:


O que é Legal Design?


Mayara: É uma proposta inovadora de unir o Design, Direito e a Tecnologia para melhorar os serviços e produtos jurídicos, tanto na sua comunicação visual e textual, quanto na sua funcionalidade, sempre focando na experiência do usuário, seja ele leigo ou do meio jurídico.

O Legal Design é bem mais que um documento bonito. De nada adianta fazer um contrato cheio de ícones e cores, mas não ser funcional. Por isso, é importante identificar as dores e necessidades do usuário para saber exatamente como aplicar técnicas de design, criando assim um produto mais humano, acessível e agradável. Conforme dito por Margaret Hagan do Legal Design Lab, uma das pioneiras do movimento, “utilizar estratégias criativas centradas no ser humano para encontrar maneiras de servir melhor as pessoas”.

Onde o LD surgiu?

Uma das precursoras é Margareth Hagan, criadora e diretora do Legal Design Lab da Stanfor Law School nos Estados Unidos, onde também é professora do Instituto de Design.

Grandes nomes são referências no Legal Design, a exemplo de Richard Mabey, Emma Hertzberg, Meera Klemola, Helena Haapio, Stefania Passera, Meera Sivanathan, Tessa Manuello, e outros.

Como foi o processo de implantação do LD no escritório da Cabral Associados?

Gustavo, sócio da Cabral Associados, já usava o Design Thinking em seus trabalhos com a equipe, percebeu a diferença gritante que o design visual faz nas peças e logo se interessou em aderir a esse movimento e apresentar ao time todo. A CBR tem como uma de suas fortes características a criatividade para solucionar problemas, e por ter um mindset para uma cultura inovadora, entrar nesse mundo do Legal Design foi fácil e instigante.

Oficializamos a criação do Núcleo após realizarmos alguns Workshops online para a equipe toda. Todos os departamentos, seja jurídico, de marketing, psicologia e financeiro fizeram parte do processo, pois uma grande premissa do Legal Design é a multidisciplinaridade do time. É preciso ter várias cabeças com pensamentos, experiências e pontos de vista diferentes para termos cada vez mais melhores resultados. E de fato, estamos tendo.

Quais são os principais benefícios da aplicação das técnicas do Legal Design nos escritórios de advocacia?

Um dos benefícios mais importantes é a aproximação do leigo com o judiciário. Do cliente com o advogado. A linguagem e sistema jurídicos são muito inacessíveis para quem não é da área. O Legal Design vem para diminuir essa barreira e aumentar a capacidade de tomar decisões estratégicas por si mesmo, trazendo mais clareza de informações complexas e consequentemente, uma melhor experiência para aquele que precisa recorrer à justiça para solucionar um problema.

Como o Legal Design tem ajudado os escritórios no atendimento e relacionamento com o cliente?

Não só há benefícios para o leigo (cliente), mas também para o profissional jurídico. O advogado que aplica o Legal Design, além de melhorar o relacionamento com os clientes, atendendo-os de maneira mais rica e eficiente, melhora a comunicação com todos os profissionais da justiça, por exemplo, um magistrado. Uma petição com LD aplicado, com certeza, atrai a atenção e provoca uma experiência útil e agradável ao juiz que já tem tantos processos com muitas laudas cansativas para ler.

E sob uma perspectiva geral, o Legal Design traz muitos benefícios como uma cultura de inovação que incentiva a criatividade para gerar soluções de problemas e novos produtos jurídicos; um serviço mais humano e acessível, com uma comunicação mais clara, atraente e utilizável; e novas oportunidades profissionais para área jurídica.

Que tipos de peças podem utilizar LD?

Todo documento jurídico está apto para utilizar o Legal Design. Qualquer informação que precisar melhorar a forma como é comunicada deve aplicar o LD. E, na minha visão, todos os documentos jurídicos precisam. Petições, contratos, memoriais, regulamentos, editoriais, relatórios, cartilhas, pareceres, tudo isso pode e deve aplicar princípios de design e de experiência do usuário. O mundo nos bombardeia com muita informação por segundo. Se destaca aquela que for mais atraente e de rápida compreensão.

Como o LD tem se inserido em cenários jurídicos mais conservadores?

Ainda existe uma preocupação por parte de alguns advogados que não compreendem bem o assunto, com o receio de que os documentos percam validade se tiverem uma formatação diferente, mas não há nada na lei que proíba isso. É importante esclarecer que aplicar o Legal Design não é colorir e encher de ícones o documento. É apenas melhorar a comunicação. Pode ser feito com uma simples melhora na diagramação do texto, dando hierarquia às informações, posicionando-as nos lugar certo para atrair a atenção do leitor.

*Mayara Cunha é formada em Design Gráfico, Publicidade e Direito com Pós-graduação em Comunicação Digital em Mídias Sociais. Trabalha na área de Branding e é professora de Legal Design da Bits Academy, além de coordenadora do Núcleo de Legal Design da Cabral Associados.

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